31 dezembro 2013

Uma história de Ano Novo - O viajante

"Durante suas viagens, é importante manter sempre algo em mente: quando uma coisa termina, uma outra coisa começa." retirado do filme 'O amor acontece'.

Passaram as últimas dez horas daquele ano, pouco faltava agora. O sentimento de Thomas era de uma esperança admirável. Fizera escolhas importantes naquele ano, terminara etapas que lhe trouxeram marcas à parede e sorrisos eternos. Quis coroar as últimas horas num lugar especial, comemorar de maneira silenciosa, sem fotos e estatus, um brinde muito particular. Descobriu ‘Um lugar para estar’, quando aprendeu que perfeição não tem semelhança dentre as alternativas, soube entender aqueles instantes e se percebeu como ser humano, nada além disto, refletia, mas nem por isso tão pouco assim.
Desceu as escadas de seu apartamento, na expectativa de encontrar um ou outro conhecido com calma, para lhes desejar Feliz ano novo. Não viu ninguém e prosseguiu seu caminho. Para Thomas aquele era realmente um momento de reflexões e lembranças, mesmo as mais amargas agora tinham qualquer coisa de um tempero singular.
Desta vez recebeu poucas ligações, faziam falta sim, pensava Thomas, mas era inevitável. Suas escolhas inegavelmente retiravam objetos aparentemente belos, porém empoeirados, das prateleiras. Para dar lugar ao novo, era necessário tal sacrifício. O que temos na vida não podem nos servir como meros objetos de decoração, cuja limpeza e duração é responsabilidade inteiramente nossa. Pelo contrário, é preciso abrir espaço para algo pulsante e de vida própria, que flui, enquanto lhe doa e de ti recebe vida, num ciclo interminável. Com troca de sorrisos e gentilezas, o respeito do tempo de cada um, o sacrifício pelo que é coletivo, enquanto renunciamos pequenas partes de nós mesmos. Thomas tinha a certeza que era isso que queria, sentia-se mais leve para continuar, fazia de cada luz que riscava o céu a essa altura, como seu próprio braço alcançando lugares maiores, estava leve, leve...


Não pensava mais em promessas para um novo ano, mas retirava lições daquele que estava se findando, tinha motivos para se sentir satisfeito, podia olhar, se fosse o caso, para o seu ‘eu’ de um ano atrás e lhe dizer: sinta-se esperançoso. Daria um conselho a ele: Resgate alguns sonhos de infância, corrija certos caminhos tortuosos da juventude, e avalie se aquilo que você abriu mão, mesmo sem querer, quando se tornou adulto, merecia mesmo ser esquecido.
Mas que devaneio, deu-se conta Thomas, aconselhar a ele mesmo no passado. Não precisava disto, afirmava a si mesmo. Que grande privilegiado, ele não era apenas mais um homem em dado momento da vida, era um viajante que dava prosseguimento a viagem ao passo que recuperando toda bagagem, desfez-se do sobrepeso. Um homem mais leve por fora, enquanto se completava por dentro.
Logo estava no lugar em que escolhera para agradecer pelo que se foi, recepcionando o que chegava. Foi um bom ano novo e a história termina aqui. Pois essa não é uma história sobre o amanhã e os 364 dias que o seguem, e sim sobre o hoje e todos os 364 dias que o antecedem. Se você parar para pensar é disso que todo o réveillon se trata. Talvez amigo leitor você não tenha tido o melhor ano de sua vida, é possível que esteja decepcionado pela quantidade de promessas não cumpridas por você mesmo ou por quem você ama e de quem esperava tanto.
Mas nosso convite é que você olhe sim para trás e retire lições. Pode contar com isso, é seu. Promessas e expectativas, são coisas nada palpáveis, ainda não são propriamente suas. Reúna suas conquistas, mesmo as que não vieram em formato de troféu. Suas conquistas são cada uma das coisas que você aprendeu, cada traço em si que você conheceu. Faça esse teste e aplique as lições em seu próximo ano, não deixe que seja uma data para enumerar frustrações e promessas vazias. Não permita viver mais um ano pelo que pode acontecer. O homem que se molha uma vez na chuva, olhando cuidadosamente para essa fato, passa cada vez menos a esquecer o guarda chuva, aprendeu por observar menos tempo àquela infinidade de promessas.

Feliz ano novo, por tudo que você se tornou e ainda pode se tornar, pelo ano que em curso termina hoje, mas não acaba, pois dele você pode continuar retirando lições.

23 dezembro 2013

Uma história de Natal - O tripé de plástico

“As luzes piscam enquanto alguns olhos se apagam. Mesas fartas e corações vazios... que não seja assim.” L.Ol.

Meu nome é Nícolas, essa é uma historia de natal. Não sei se dizer isso levanta alguma expectativa, traz alguma história com mesmo tema à sua mente ou ainda torna tudo menos atrativo, mas é a história de natal de minha família. Nela tem elementos clássicos, papai Noel, ceia e uma lição, que eu aprendi pelo menos. Acredito que é uma história digna de ser contada, vamos a ela...
Sempre colocávamos uma árvore de natal num canto específico da casa nessa época do ano. Meu avô que morava conosco não perdia a chance de brincar:

- Que coisa estranha, não tem raiz e se apoia num tripé de plástico, nem de longe me faz lembrar das árvores que vi serem arrancadas do nosso bairro desde minha infância.

Mamãe reprovava a brincadeira de vovô, parecia se importar com o que eu pensaria, ela me abraçava enquanto falava que no que dependesse dela eu viveria a ‘magia do natal’.
De fato essa lembrança vinha lá dos meus cinco, seis, sete anos. Eu ainda não entendia direito, mas ficava animado, era uma época de presentes e de comidas gostosas, com tamanha tradição que papai dizia:

- Hey, vamos comer e aproveitar essas delícias, pois agora só ano que vêm.

Isso me soava normal, no mercado vendiam-se essas coisas somente nessa época, pelo menos eu pensava assim, dado o destaque que elas ganhavam na prateleira. Ah, sim... tinha o papai Noel também, eu não ligava para ele, ele ficava no shopping, na minha cidade não tinha shopping. Mas mamãe não queria me poupar da ‘magia’ e fez papai vestir-se como o ‘bom’ velhinho, não deu nada certo, papai era comprido e tinha as pernas finas, não combinava com aquele barrigão postiço. Vovô ria e ria, e eu também, pois sabia que era meu pai, ele não podia fazer oh oh oh, estava espirrando, a barba lhe dera alergia. Mamãe estava visivelmente frustrada e dizia:

- Veja filho presentes, olha filho os doces que você tanto gosta.

Eu não me importava, gostava de ver vovô rindo, gostava de comer, de cantar aquelas músicas e de estar com minha família. De fato era uma magia, mas no ano seguinte as coisas mudaram. Eu com oito para nove anos, via vovô cada vez menos risonho e brincalhão, mamãe atarefada com ele, que pouco saia do quarto. Chegada a época de natal, a casa não tinha enfeites como nos outros anos, muitos remédios ocupavam as prateleiras, e do fogão saiam mais sopas do que pratos especiais.
Na semana de natal fui até a casa de um amigo novo, ele tinha acabado de se mudar naquele semestre, eu estava curioso para ver uma casa nova enfeitada, mamãe me pediu para que eu aproveitasse enquanto se desculpava por não poder me oferecer muita magia daquela vez.
Quando cheguei lá, vi uma pequena guirlanda na porta, mamãe adorava, na sala tinha uma árvore, não era tão bonita quanto a nossa, pensei. Mas num outro canto havia bonequinhos, não era boneco de neve, ou papai Noel. Parecia uma cena, achei muito estranho, não tinha nada a ver com o Natal. Tinha uns animaizinhos, um homenzinho ajoelhado, uma mulher e um bebê no centro, vou lhes dizer o que achei, achei muito feio. Mas não era o único, tinha outro parecido, ainda maior, neste alem do casal e bebê havia três homens cada um trazendo uma coisa na mão, como presentes, devia ser para o bebê, pensava eu.
A mãe de meu amigo notou minha admiração quanto aquelas cenas e me perguntou se eu sabia o que era, eu não sabia. Ela me falou de Jesus, achei estranho de novo. Jesus era aquele que estava na cruz, pensava eu, com uma cara triste, saia sangue de suas feridas. Era o que eu sempre via sobre Jesus.
Ela me explicou com paciência, que aquela cena que eu via era o nascimento de Jesus, ele tinha sido prometido para a humanidade, para salvá-la e religá-la a Deus, só que não tinha um lugar para eles na cidade, ele acabou nascendo numa manjedoura, era um Rei humilde, o filho de Deus.
Ali estava a representação de seu nascimento. Com seus pais e junto a eles os três reis magos trazendo presentes. Era o que comemorávamos no natal, insistia ela, com um sorriso fraterno, o nascimento de Jesus. Ela contou toda a história do menino-deus, presenteou-me com um pequeno livro ilustrado e uma réplica menor da cena do presépio, era como se chamava aquela representação.


Ao voltar para casa, vi vovô, de pé rindo de novo. Até mamãe que não gostava das brincadeiras dele também ria. Dei um grande abraço nele e mostrei o presépio. Falei, veja vovô é o aniversário dele. Vovô chorou e eu não entendi. Contou-nos que ele queria passar pelo menos mais um natal conosco, mas dessa vez comemorando da maneira certa. Fez esse pedido em forma de oração, mas quando naquela manhã acordara melhor, já se esquecera da promessa de comemorar o nascimento da pessoa certa no Natal. Coisa que ele tantas vezes fizera. Talvez por isso mamãe se esforçasse tanto para fazer um natal especial, cheio de bolas enfeitadas numa árvore sem raiz, apoiada num tripé de plástico.
Ligamos para o papai, ele iria trazer algo para comermos, mamãe faria apenas uma sobremesa dessa vez, e mais tarde antes de cearmos, esquecemos os presentes e todos juntos agradecemos e desejamos feliz aniversário a Jesus. Vovô partiu no outono seguinte, ele disse que nunca mais implicaria com o tripé de plásticos desde que não nos esquecêssemos do presépio, foi uma de suas últimas brincadeiras, a qual levamos à sério até os dias de hoje.

Essa é a história de uma família que apoiava a festa que todos amam num tripé de plástico. E seu Natal, no que se apoia?

Espero que em algo bom. Um maravilhoso e feliz Natal a todos!


Apêndice:

Um menino nos nasceu

O povo que caminhava em trevas
viu uma grande luz;
sobre os que viviam na terra
da sombra da morte
raiou uma luz.

Fizeste crescer a nação
e aumentaste a sua alegria;
eles se alegram diante de ti
como os que se regozijam na colheita,
como os que exultam
quando dividem os bens tomados na batalha.

Pois tu destruíste o jugo
que os oprimia,
a canga que estava sobre os seus ombros
e a vara de castigo do seu opressor,
como no dia da derrota de Midiã.

Pois toda bota de guerreiro
usada em combate
e toda veste revolvida em sangue
serão queimadas,
como lenha no fogo.

Porque um menino nos nasceu,
um filho nos foi dado,
e o governo está sobre os seus ombros.
E ele será chamado
Maravilhoso Conselheiro, Deus Podero­so,
Pai Eterno, Príncipe da Paz.

Ele estenderá o seu domínio,
e haverá paz sem fim
sobre o trono de Davi
e sobre o seu reino,
estabelecido e mantido
com justiça e retidão
desde agora e para sempre.
O zelo do Senhor dos Exércitos fará isso.

[Livro de Isaias capítulo 9 versos 2 ao 7]

18 dezembro 2013

Jogo limpo

Na vida cometemos erros e por vezes fechamos os olhos para eles. Torcemos no íntimo que ninguém se lembre deles, ou que ao menos não toquem no assunto de novo. É um desejo muito particular de não ser questionado, não ter sua honra e imagem arranhadas. O tempo passa, somos vitimas de piadinhas, ‘tiração’ de sarro. Sim, nossa imagem ficou arranhada, da pior forma... não houve menção em assumir nada. As ondas não marcam a areia definitivamente, mas vem e vão, podemos ver a linha que ela faz a cada vinda. (...)
Havia um time de futebol que era muito conhecido em seu país. Tinha história. Produziu grandes jogadores que se tornaram ídolos em uma nação tão carente de exemplos. Mas carência de bons exemplos também tinha refletia no tal time, eles o dilapidaram tanto quanto puderam, tornando o grande Clube de futebol numa sombra desajeitada de seu passado glorioso.
 Viver de seu passado maravilhoso não foi suficiente para mantê-lo em pé e ele sucumbiu ao ponto de em seu pior ano, não ser mais contado entre os grandes. Sabemos ainda assim que em meio a uma crise alguém pode se mostrar grande, portando-se com dignidade, enfrentando as dificuldades. Não foi o caso, o grande time de futebol se achou digno de, por meios escusos, permanecer entre os grandes. Conseguiu. Porém no ano seguinte, foi tão mal que caiu novamente e continuou caindo e caindo. Já era contado entre a terceira força do futebol de seu país, os dias de glória se foram.


Apesar dele ainda ser lembrado como aquele que caiu e não aceitou a queda, usando de meios reprováveis para se por de pé, veio o renascimento, pelo menos parecia... disputou em campo com a terceira força e sagrou-se campeão. Parecia num rumo menos nebuloso, retornando não apenas para a segunda força (possibilidades de primeira também), mas antes e muito mais importante, para o caminho honroso e digno, do passo no tamanho das próprias pernas, sendo tão bom como fosse possível, retirando orgulho disso. Mais uma vez, não foi o caso. Ao invés desse famoso time ir para a segunda força, outra vez de maneira escusa pulou diretamente para a primeira. Achava-se digno de ser contado entre os grandes. É bem verdade que ele não foi o único time que saltou dessa maneira, mas sua atitude era notória, estava marcado pelas vergonhas anteriores.
Enfim, assim ficou. Todos fecharam os olhos, mas não se esqueceram. Aquele time ficou estigmatizado como um clube que não precisava temer a queda, pois sempre seria escorado por muletas vergonhosas, porém poderosas.
Os anos passaram, a vergonha se tornou história, tanto quanto vários troféus, tanto quanto vitórias emblemáticas. Uma história eternamente manchada. Esse time passou ainda por dificuldades é verdade, mas mesmo a duras penas manteve-se entre os grandes. Ergueu-se, fazendo sucesso novamente. Era um sopro vigoroso na empoeirada sala de troféus, um orgulho reconquistado, mesmo em meio à vergonha do passado sempre relembrada.
O passado era mesmo uma página colada no livro da última estante, na última prateleira, no lado mais escuro da sala. Um lugar que ele não queria revisitar ou recontar. E quanta glória, para deixar essa parte mais esquecida ainda: disputas de novos títulos vieram e pouco tempo depois, grandes conquistas. Sim, ele podia se assentar entre os grandes novamente, mesmo que timidamente, torcendo para que ninguém lembrasse que ali ele não deveria estar.
Alguém disse uma vez: a vida é como uma roda gigante, um dia você está em cima, outro em baixo. Aquele time sabe bem o significado disso. De grande a assentado na terceira força, de vigoroso conquistador de títulos, a usuário de tribunais para ganhar entre engravatados o que não conquistou em campo. Depois de mais um título entre os grandes, aquela sombra negativa parecia cada vez mais apagada, entretanto sua cabine na Roda Gigante estava descendo novamente e com cores fortes retocou o desfoque passado. O grande time seria mais uma vez convidado a descer um degrau em sua glória, parecia o passado clamando pelo o que não foi cumprido.
O embate terminou em campo, com o soar firme do apito. Ele cumpriria seu próximo ano entre a segunda força. As piadinhas vinham, o time parecia conformado, disputaria finalmente com dignidade aquilo que lhe cabia.
Surpreendentemente não apenas a história da queda se repetia, a disputa em campo havia terminado, mas os tribunais ignoraram o apito final. Dessa vez , ironicamente seguiram a regra beneficiando mais uma vez o grande Time. Um time de menor expressão havia escalado um jogador em situação irregular. Todos que podiam ter evitado esse mal que converteu a macia bola de futebol em um duro martelo de madeira, nada fizeram e o pequeno time perdeu os pontos ganhos em campo, para a sorte do famoso time, esse pequeno tinha poucos pontos a mais do que ele, assim o famoso pôde mais uma vez se salvar. Era o justo, embora pouco moral, era o que todos sabiam que era certo, mas sentiam que estava errado.
No esporte, o que se decidiu em campo perdeu o valor naquele dia. Aqueles que economizaram moeda por moeda para assistir aos caros confrontos pagaram pelo que foi decido não diante de seus olhos, mas numa fria sala de tribunal. A derradeira notícia chegou pelas páginas de jornal.
A história do grande time estava mais uma vez embebida na vergonha. Antes as quatro linhas eram suficiente para escrever uma história de futebol, hoje ela precisa de páginas e páginas de processos, ofícios... o grito apaixona do de ‘gol’  foi substituído por uma fala seca de ‘caso encerrado’.

Epílogo

Foi um dia atípico onde o certo e o imoral foram escritos com a mesma caneta. Alguns de nós sonhou com uma decisão difícil, porém libertadora e corajosa que o grande Time poderia tomar:

Que ele se abstenha de ficar entre os grandes e aceite cair, que faça o contrário de anos atrás quando tinha o dever de descer e não desceu, quando devia subir um degrau e avançou arrogantemente dois. Por favor, diga para todos ouvirem: temos o direito debaixo dos braços, mas um dever em nossas consciências. Estaremos na segunda força.
Não será essa uma oportunidade do destino de limpar uma história tão suja e empoeirada?

A oportunidade de continuar grande, sem levantar troféus, mas antes e mais importante, levantando a cabeça.



Contextualização

O Fluminense Football Club foi rebaixado para a segunda divisão do campeonato nacional pela primeira vez em 1996, não disputou a serie B em 1997 em atitude arbitrária. Ainda assim foi novamente rebaixado para segunda divisão e no ano seguinte para a terceira. Disputou a terceira e venceu, portando deveria disputar a segunda divisão novamente, mas foi colocado na primeira divisão na criação da copa João Havelange em 2000, juntamente com outros times que também não tinham conseguindo o acesso pelo campo e bola como o Bahia e o Guarani.
Permaneceu na série A, ganhando inclusive 2 títulos depois disto. O primeiro em 2010 e o segundo em 2012. Em 2013 tornou-se o primeiro time campeão Brasileiro rebaixado no ano seguinte. Dada sua péssima campanha, ficando em décimo sétimo lugar num campeonato onde os quatro piores colocados são rebaixados para a série B.
A Associação Portuguesa de Desportos, time de menor expressão havia ficado com 48 pontos enquanto o rebaixado Fluminense com apenas 46. Após o término do campeonato nacional de 2013, houve a constatação que Portuguesa havia escalado o jogador Héverton de maneira irregular e por isso perdeu quatro pontos, ficando abaixo de Fluminense, sendo por sua vez rebaixado e livrando o popular time carioca da serie B de 2014 em decisão pelo Supremo Tribunal de Justiça Desportista - STJD, no dia 16 de dezembro de 2013.

08 dezembro 2013

Um motivo a mais

Gostaria de compartilhar com todos vocês, caros leitores, está poesia feita em minha adolescência. Publico-a pois a tenho como algo guardada em minhas lembranças, além de ter um conteúdo que ainda levo em minha vida. Espero que gostem, comente e compartilhem!


Um motivo a mais


Eu queria ser como as aves nos céus, 
Voam pois são livres
E não olhar para trás para ver o que se passou
Pois levo comigo o que amo


Eu só quero um motivo a mais para sorrir

Olhar o infinito do céu e lembrar de você



... Eu queria um amor como o do filho pela mãe

Sincero, lindo e simples

Ele não precisa de nada para provar o amor além

Do lindo simples e sincero: Amo você.



Eu só quero um motivo a mais para sorrir

Olhar o infinito do céu e lembrar de você



Eu queria uma inspiração divina celestial

Vinda das mãos do Pai

E passear pelas poesias que vivo e já vivi

Só para escrever uma canção de amor para você



Eu só quero um motivo a mais para sorrir

Olhar o infinito do céu e lembrar de você








21 novembro 2013

O Confronto



"Até a glória e a virtude têm inimigos, pois parecem condenar procedimentos contrários postos em confronto com elas."  Tácito

...dirigiu-se à arena sabendo que enfrentaria Golias...


Não existia realmente preparação que o deixaria calmo para aquele embate; sem uma noção do quanto isto poderia se tornar sem sentido, enfrentando um adversário que não defende o que lhe parece certo, mas apenas o osso que roe.


Um gigante que se faz grande por inferiorizar os que estão a volta; que faz gigante o espaço entre ele e o outro. Provocando medo, para que os demais o vejam maior ainda, distorcendo a realidade. Ignora talvez, que ao invés de parecer grande, apenas apresenta uma imagem aumentada e desfoque. Passa a encenar com pouca humanidade, oferecendo a ofensa em vez da outra face, professando a fé naquele que ensinou o inverso.
Essa é a figura deste adversário, dito isto podemos entender em que pé se dará o confronto. Para se combater alguém que não tem base em si mesmo,do tipo que facilmente aponta ciscos em olhos alheios enquanto carrega uma trave no seu; insiste com propósitos baixos quando corrige uma vírgula, ao passo que erra uma sentença teórica e prática. O confronto apresentava questões éticas defendidas por um, que apenas um ‘cão esfomeado’ entenderia como uma ameaça a seu osso.
Podemos perceber então que quando se há um confronto, é possível que os envolvidos não estejam lutando pela mesma coisa. Quando buscam os seus objetivos acabam se engalfinhando, portanto caso não saibamos exatamente o que o outro valoriza, poderemos estar não apenas respingados de lama cujo adversário fuça em rigor de seu osso, mas mergulhados na sujeira, afinal se há atrito entre dois corpos, na queda eles podem pender para o mesmo lado.
 Vemos agora a missão de lutar por nossas crenças, ela nos dará uma oportunidade peculiar por isso devemos antes de tudo identificar o inimigo e suas armas, assim como disse Sun Tzu.


Espero que esse texto embora duro seja um convite à reflexão. Boa noite a todos.




12 novembro 2013

O vício da serpente

Havia uma serpente muito orgulhosa. Encobria repetidamente seus erros e fraquezas. Ela pensava que se fingisse que não existiam ou os ignorasse, não precisaria reconhecê-los. Assim fazia e seguia, como se nada tivesse acontecido.


A vida apresentava novos capítulos e sua fraqueza se evidenciava novamente. Outras situações que davam luz a ela aconteciam, mas a serpente não havia aprendido a lidar com elas, aquele ponto continuava um ponto fraco. Poderia ser uma nova oportunidade de reconhecer, crescer e seguir, mas ela insistia em não admitir suas fraquezas.
 Contorcia-se ainda mais para esconder esse ponto. Fingia e fingia novamente, acreditava ter superado, estava enganada. Com os erros fazia o mesmo. Afastava-se de quem os conheciam se preciso, apontava neles umas falhas na esperança que as suas saíssem de foco. Tinha muitos discursos sobre moral, mas tinha pouca moral para que fizessem sentido.
 Ignorava pessoas e lugares na esperança de permanecer incorrupto diante de sua face orgulhosa. Não só deixava de assumir seus erros, como não poupava esforços para acobertá-los. Não importava o que ou quem necessitasse atingir para tal.
Com o tempo seus erros e fraquezas tomaram a forma de estacas e passaram a estar fincados ao redor da serpente e também em seu caminho. Ela se desviava de uma, se arranhava em outro, não eram poucas as vezes em que se confundia e dava voltas e voltas no mesmo lugar ao tentar contorná-las.
Quanto mais erros insistia em não assumir, mais estacas se fincavam. Quanto mais ardiloso o que fazia para encobrir suas vergonhas, maiores eram as estacas.
Ela precisava parar, arrancar as estacas do caminho. Porém preferia contorná-las quando possível. Se arranhar em algumas quando necessário. Usar desvios que acrescentavam quilômetros ao seu caminho que sem estacas levariam metros.

Não foi tarde quando a serpente se perdeu. Desesperando-se procurava sem cessar por uma saída. Estava tão ansiosa e apreensiva, rastejava mais rapidamente, arranhava-se nas estacas, estava ferida, com graves hematomas. Assim também feria a outros, estava cega, sem rumo, sem referência. Tomada de tal estado de pavor, contornou a maior estaca que ali havia. Passou pelo seu lado, até encontrar o que não tinha percebido ser seu rabo. Deu um nó em si mesma. Ficou presa e chorou sem poder esconder o rosto, pois em sua prisão ela mesma havia colocado cada uma das grades, tais como estacas.





08 novembro 2013

Galeria III - Complete






31 outubro 2013

Novo tempo


Vejo maravilhas do ‘futuro’
Botões que controlam a vida
Na palma de minha mão
Mas eu tenho medo
Eu tenho medo
Que isso nos afaste

Ouço bramidos
Deste novo tempo
Conheci um homem
Que não saiu de casa
Só para mandar mensagens de abraços

A solidão se espalha
E mesmo com esse frio
Insistimos em abrir as janelas

Ele dizia que assim a encontrou
Assim coragem encontrou
Para dizer o que sente


Fazendo ligações
Menos palpáveis que o vento
Espalhando setas e sítios pró-intento

Cada vez mais frio
Cada vez mais frio
Cada vez mais frio
(...)





30 outubro 2013

La temporalidad del libro impreso

Este é o segundo texto de 'Un lugar para quedarse'. Logo após a versão em português.

“De los diversos instrumentos inventados por el hombre, el más asombroso es el libro; todos los demás son extensiones de su cuerpo… Sólo el libro es una extensión de la imaginación y la memoria”. Jorge Luis Borges.

Con el avanzo de la tecnologia es indispensable la discución acerca de lo que es antiguo, como el disco compacto y los objetos que sufrieran y sufren cambios, como el ordenador, los aparatos móbiles, la televisión y otros más.
Con todo, la duda es: ¿Los libros impresos se tronarán objetos antiguos o sufreran cambio?
Para mí, los libros impresos siempre tubieran un alto costo para los que son de clase baja y ahora con los libros digitales, que tienen bajo costo o incluso son gratis, la busqueda por libros se tornó más grande.
Según el profesor da la Universidad de Milan, Mario Pireddu, los libros digitales son más interactivos, con costos más accesíbeles que los impresos y la digitalización del libro hace con que sea más facil la produción y modificación el conteúdo. Para él, los libros impresos en el futuro sean algo raro y precioso.
En cambio, el Profesor Doctor de la Universidad de Passo Fundo, Adriano Canabarro, cree que el libro en papel no acabará, pero hay que sufrir cambios en el contenidos y espacios de interacción. Como ejemplo, él dije que se tengan más sítios en la internet con más contenidos acerca del libro y el lector pueda tener contacto con otros lectores.
Por tanto, se el libro impreso se va a cambiar con la tecnologia o será algo puesto en la memoria, no sé, creo que lo que es importante es leer. Seguro que el lector se adaptará a los cambios, desde que se pueda leer.


Em português:

A Temporalidade do livro impresso

Com o avanço da tecnologia é indispensável a discussão sobre o que é antigo, como o disco de vinil ou até mesmo sobre objetos que mudaram, como celulares, computadores, televisões, etc.
Contudo, a questão é: Os livros impressos se tornarão objetos antigos ou sofrerão mudanças?
Para mim, os livros impressos sempre tiveram um alto custo para as pessoas de classe baixa e agora com os livros digitais, que tem um baixo custo ou até mesmo são grátis, a busca por livros aumentou.
Segundo o professor da Universidade de Milão, Mario Pireddu, os livros digitais são mais interativos, com preços mais acessíveis que os impressos e a digitalização faz com que seja mais fácil a produção e modificação de conteúdos. Para ele, os livros impressos no futuro serão algo raro e precioso.
Por outro lado, o Professor Doutor da Universidade de Passo Fundo, Adriano Canabarro, acredita que o livro de papel não acabará, mas deverá sofrer mudanças de conteúdos e espaços de interação. Como exemplo, ele disse que deve ter mais sites com conteúdos sobre o livro e que os leitores possam se interagir.
Por tanto, se o livro impresso vai mudar com a tecnologia ou será posto na memória, não sei, creio que o mais importante é ler. Afirmo que o leitor saberá lidar com as mudanças, desde que ele possa ler.



Referência: http://www.upf.br/nexjor/?p=20502

25 outubro 2013

Faixa 22


Era uma daquelas aulas entediantes, principalmente para quem estava num curso apenas para não desagradar ao pai.
Dener não conseguia se fixar na fala do professor, em sua mente buscava distrações secretas, tentando fazê-las imperceptíveis a todos naquela sala. Pensou em músicas para sua banda pop imaginária, já fazia o roteiro para um clipe, cuja banda animava um lugar também sem muitos atrativos.
Submergiu dos devaneios e olhou para janela no outro canto da sala, se via perdido. O sol nascerá para lhe brindar o dia, mas Dener se fechou primeiro em uma sala e depois em seus próprios ensaios.
Mergulhou mais uma vez, não de propósito. Quando percebeu já estava em transe novamente. Encontrava-se com pessoas que ali não estavam, tinha falas heroicas e um silêncio acolhedor.
O colega de trás lhe tocou o ombro para lhe passar a lista de presença, mas que presença? Dener não estava em seus sonhos, mas também não estava naquele lugar. Onde estaria então? Se perguntou, com ‘água’ quase no pescoço... Sonhando a vida, ou vivendo o sonho de outros?
Estava perdido uma vez mais, dizia para si, mas agora não sabia se deveria emergir ou buscar terra firme. Olhou de novo para todos na sala, do professor ao aluno mais dedicado, embora não compreendesse nada daquela aula aborrecida, sabia que seu tédio era culpa de sua escolha e não daqueles ali. Entusiasmou-se quando um comentário surgiu sobre a aula, viu alunos e professor falando animadamente sobre o que ele pouco entendia ou se importava, os invejou.
Ao término da aula, tinha finalmente sede de saber algo daquele professor, conversaram por quase duas horas sobre a escolha que este tinha feito para sua carreira e vida. Dener via olhos brilhando e repetidas nos lábios daquele professor as falas heroicas de sua imaginação. Pensou no que aquilo significava. Não teria também aquele homem pressa de ir embora? Não estava cansado? Ele via alguém falando da felicidade nas próprias escolhas, pôde enfim se identificar com ele e o apreciar. Despediram-se, Dener respondia pouco a pouco, graças àquele dia primeiramente tedioso, as dúvidas que o mesmo lhe trouxera, tudo que em sintonia tornara este dia pulsante.
Na rua enquanto saia do curso tudo lhe parecia mais concretos quando completava o que antes era sem sentido ou entediante com as melhores partes de sua imaginação. Dener notou que havia construído uma ponte entre sonho e realidade. Sentia-se inspirado, mais do que isso, se sentia impelido a alguma coisa maior que ele mesmo. Parecia um daqueles dias em que o espírito humano seria capaz de fazer uma curva em todo vento contrário. Dener estava ainda no mar de seus sonhos, mas cada vez mais à beira mar, cada vez mais trazendo algo do fundo.
Viu que precisava viver os próprios sonhos, mesmo que esses continuassem a soar como devaneios aos outros. Conhecia-se o suficiente para saber que não poderia lutar contra o mar de seus ensaios. Tinha vinte e dois anos e por um segundo pensou que já não era nenhum adolescente. Foi quando mais do que nunca acreditou em seu jeito excêntrico e fechou a única janela que lhe incomodava, a do pessimismo, pois decidiu fazer daquela onda pretensamente negativa em seu mar, numa marca para suas convicções. Viveria a partir daquele momento a Faixa vinte e dois. Imaginou uma faixa amarela com o numero vinte e dois em vermelho, isto lhe era emblemático, um símbolo de uma grande novidade.


A Faixa vinte e dois como símbolo reuniu uma perfeita metáfora para Dener, uma passagem, lembraria-se dela pela vida, seria a personificação da mudança necessária que, porém jamais muda o suficiente para negar a essência.
Aquele dia chato e antes inominável se tornou um emblema com cores nome e número. Dener reuniu cada tópico de seus sonhos, definiu prioridades, reforçou a autoestima e enfrentou a falta de crédito alheia com a construção de suas convicções. Sim, fez de seus ensaios a força motriz de seus passos concretos. Tornou seu principal ponto num ponto positivo. Tinha enfim um grande projeto e uma inabalável vontade de estar atento aos sonhos, desta vez sem segredos. Aprendeu a viver assim e a isto deu o nome de Faixa vinte e dois.


22 outubro 2013

Galeria I - Recomeçar




...




17 outubro 2013

O homem e Deus




Uma visão crítica de como algumas pessoas descrevem à Deus.


Quem é o homem que pensa reconhecer Deus naquilo que lhe agrada, por suas paixões e sentimentos, enquanto Cristo foi incompreendido em cada ato e palavra, pois os homens de seu tempo pensavam saber identificar o Rei.
Eles davam glórias à vaidade do próprio entendimento. Beleza era o que fazia brilhar seus olhos e não o que preenchia de sentido seus corações. Talvez seja hora de reconhecer a Deus quando vemos confrontada qualquer ideia que alimentamos há tempos.
Não esperar sentir alegria desmedida em Sua presença enquanto nossos irmãos choram por nossa ausência (ausência de nossas mãos, de pão e de compaixão). Antes que sua presença nos constranja a levar a outros a verdade que dizemos ser nossa libertação, o sacrifício que nos trouxe salvação.


O ser humano e sua busca pelo que é esteticamente agradável ou que cause grande impacto. Por vezes se refere a Jesus como um majestoso Leão que peleja batalhas contra tudo que lhe pareça contrário, sem perceber que o próprio Cristo não acalentou a aparência, mas comparou a si mesmo com uma galinha, uma que protege seus pintinhos sob suas asas, creio que é por isso que há tantos decepcionados, esperando por algo aparentemente grande como na época de Cristo, quando apareceu o filho do carpinteiro não foram capazes de crer.







15 outubro 2013

Homenagem aos Professores

O Grande dia

Primeiro dia de aula de um professor que acabou de se formar. É desesperador. O que vou falar? Será que eles vão me entender? Será que vou conseguir dar toda matéria em 1h e 40min? Como resolver esses questionamentos?
O primeiro dia é um frio na barriga, pois a maior intenção é dar o melhor de tudo que aprendeu nos oitos períodos que passou na faculdade. Valeu a pena? E se eles não gostarem de mim e da minha aula? Vão infernizar a minha vida, eu já fui aluno e sei bem disto. Vale a pena?
Chega a tão esperada hora e o professor entra em sala e com um sorriso diz: “Olá alunos, sou o professor de vocês!” Ao olhar aqueles olhos, olhando atenciosamente para ele, viu que estão tão esperançosos em aprender quanto a ele em ensinar. Por fim disse: Valeu a pena!

Relato de uma professora.
Aos mestres

A arte do ensino é acompanhada de paciência, amor, dedicação, atenção, empatia, conteúdo e uma fé inabalável na capacidade de cada aluno. E este artista chamado Professor se dedica de tal forma a ponto de superar péssimas condições de trabalho, alunos desinteressados e a falta de valor de um País ingrato como o nosso que a eles deve tudo.
                Um dos quesitos listados por Bertrand Brecht no poema Prazeres foi o de ‘compreender’ e esta é uma satisfação que cada mestre tem quando ensina, se doando em palavras, métodos e tempo. A compreensão. Não apenas quando o aluno responde corretamente, porém ainda quando amplia sua resposta para além de compêndios, formando assim algo novo, deduzindo novos passos e criando conhecimento. Fazendo o maior elo entre mestre e discípulo.
Aos mestres que entendem a si mesmos como um canal de conhecimento, vendo em seus alunos o mesmo, conduzindo a sabedoria para fora da sala de aula, para toda a sociedade.
Um brinde aos mestres, aqueles que têm noção ou não do alcance de seu ofício. Como certa vez quando uma menina identificou no mar o surgimento de um Tsunami, e avisando aos seus pais foi capaz de salvar dezenas de vidas que se encontravam ali e ao ser questionada como sabia sobre este fenômeno respondeu:
- Aprendi na escola a prevê-lo, com meu professor de geografia.

Relato de um aluno.



Nossa homenagem a todos os Professores neste 15 de outubro. Obrigado por todos os cidadãos que vocês ajudam a formar todos os anos…

Escrito por: aluna e Professora Ediza e aluno e Psicólogo Leo.







08 outubro 2013

Está consumado



O Jovem Davi tomava conta das ovelhas de seu pai, diziam que ele protegia o rebanho com a vida. Certa vez de um urso ele as livrou, outra vez de um leão. Davi não tinha a intenção de se promover baseado nestes fatos, não se apresentava com frases do tipo: muito prazer, sou Davi matador de ursos e leões. Era notável sua discrição.
                A vida seguiu e numa determinada situação cuja guerra assolava seu povo, Davi foi até ao campo de batalha por ordem de seu pai a fim de levar comida aos seus irmãos mais velhos. Lá chegando ouviu um guerreiro inimigo desafiando o Deus de seu povo, o que lhe revoltou. Imediatamente se apresentou ao rei, que também se encontrava ali, dizendo que desejava em nome de seu povo e seu Deus lutar contra o tal guerreiro. O rei olhou para Davi e não pôde levar a serio sua iniciativa, pela compleição franzina do jovem, neste momento Davi finalmente falou de suas ‘credenciais’, contou ao rei suas experiências ao cuidar de simples ovelhas, usando para isso tamanho zelo que fora capaz de derrotar um urso e um leão. Por fim o rei confiou a Davi está missão, que com igual zelo o rapaz se dedicou, sagrando-se vencedor.


A partir daí todos passaram a conhecer o menino aparentemente fraco que foi capaz de derrotar um guerreiro falastrão, um urso e um leão. Muitas outras histórias de feitos assombrosos continuaram a serem escritas por Davi, ao ponto dele se tornar rei no lugar daquele que conhecemos aqui, entretanto Estava Consumado o Davi guerreiro, não porque ele se gabava por ai, mas porque no momento certo soube contar suas experiências para que as credenciassem a mais do que um mero cuidador de ovelhas, mas um guerreiro que defende a fé de todo um povo. Esta história sobre Davi pode ser lida na integra no livro de Primeira Samuel capítulo 17.
Na nação de Davi era muito importante a linhagem, como dissemos Davi se tornou rei e de sua linhagem foi profetizado que nasceria ‘o ungido’, aquele que seria responsável pelo maior feito de todos, pagar pelos erros de cada ser humano e religar o homem a Deus. O que de fato aconteceu muitos anos depois, seu nome é Jesus. É claro que os evangelhos já contam bem a vida e obra de Jesus Cristo. Mas alguns fatos o ligam ao objetivo da primeira história relatada.
‘O ungido’, tradução do grego Cristo, porém originado do hebraico Messias, como todos sabem foi realizador de proezas, multiplicando pães e peixes, restituindo a visão e a saúde de muitos, tratando as vítimas de preconceito e marginalizados pela sociedade, como seres únicos e de valor. Não raro Jesus pedia às pessoas que eram alcançadas por seus gestos que não contassem a ninguém o que Ele lhes tinha feito.
Um último exemplo que ilustra bem isto se deu quando Jesus subiu juntamente com seus discípulos mais chegados Pedro, Tiago e João, ao monte e lá aconteceu a famosa passagem da transfiguração, a face de Jesus brilhou como o sol e suas vestes se tornaram alvas como a neve, aparecendo-lhes Moisés e Elias, personagens do antigo testamento, por fim “uma nuvem resplandecente os envolveu, e dela saiu uma voz, que dizia: ‘Este é o meu Filho amado de quem me agrado. Ouçam-no!’”. Após está experiência marcante que pode ser lida na integra em Mateus capitulo 17, Jesus disse aos discípulos enquanto desciam do monte: ‘Não contem a ninguém o que vocês viram, até que o Filho do homem tenha sido ressuscitado dos mortos’.


Aparentemente Jesus não tinha interesse em ser conhecido por milagres ou por qualquer outra coisa que aos olhos imaturos dos homens soasse prodigioso ou espantoso. Antes Ele tinha uma cede por completar sua obra, pois sabia que no fim faria aquilo que ninguém mais poderia fazer e que esse seria seu grande favor pela humanidade; não pão, não saúde corporal que definha e dá lugar à morte, não face brilhante como o sol cuja lembrança não impediu Pedro de negar a Cristo por três vezes. Ele consumou algo na cruz, algo maior do que toda fama que milagres lhe trouxeram, mesmo porque tais feitos miraculosos Jesus afirmou que cada um de nós seria capaz de fazer ou ainda maiores do que Ele fez, se abstendo uma vez por todas da vaidade humana, não queria ser conhecido por isto.
 No fim de seu sofrimento na cruz, após ele tirar a culpa da humanidade, desculpando-nos ao dizer: Pai perdoa-os pois eles não sabem o que fazem. Ele suspira e diz: Está Consumado. Entrega seu espírito a Deus. Sua obra estava completa. Ficaria conhecido não como mais um milagreiro, dos quais há muitos por ai até os dias atuais, antes seria conhecido como aquele que dividiu a história e nos reconciliou com Deus e a plena eternidade.
 Desde então sua história é contada, seu valor inestimável se deu pela consumação de sua obra. Não quis louros terrenos e passageiros, tudo que fez, fez de bom grado, por seu amor e misericórdia, não almejava recompensa, tinha mais a oferecer e o fez, sua vida entregou em nosso lugar.

Davi e Jesus, tinham feitos maravilhosos antes de consumarem suas obras, mas só os revelaram  para um bem ainda maior, que não beneficiaria a cada um particularmente mas a muitos outros. Fizeram, não por vaidade, não por si mesmos, mas por algo infinitamente maior.







04 outubro 2013

Kim - Além da imagem


Kim era uma menina simples de um vilarejo igualmente simples de seu país. A guerra havia começado antes mesmo dela nascer e ainda era uma realidade sangrenta que cada vez mais avermelhava os campos que ela conhecera verde.


Quando o combate estava para se aproximar, as pessoas do vilarejo decidiram se esconder num Templo local, na esperança que aquilo que eles consideravam sagrado permanecesse imaculado pelos portadores de más notícias ao som de estopins. Não foi assim, as bombas começaram a explodir, apenas diziam: corram, corram, as crianças na frente, os adultos atrás com os bebês. Era tarde de mais para Kim, ela foi atingida, seu braço queimava, o outro ao tentar apagá-lo também. Ela pensava no quanto ‘anormal’ ficaria, em como as pessoas passariam a lhe olhar, mas esses pensamentos se tornaram pequenos raios entre os clarões, não havia tempo para eles, suas roupas haviam se queimado, ela estava nua, correndo, chorando, amedrontada, ao seu redor seus irmãos e primos, cada um lutando por sua vida.
Felizmente Kim sobreviveu, embora ela não considerasse assim, preferia ter morrido, as dores eram profundas em seu corpo e sua alma, se seguiram meses de tratamento, enxertos em sua pele apenas reflexos das feridas em suas lembranças. Mandaram-na de volta para casa, tinham feito o melhor para época, mas em casa a menina não chegou inteira, tinha pedaços partidos de sonhos, uma criança obrigada a crescer escondendo cicatrizes e lágrimas, odiando os que lhe fizeram mal, desejando mal a quem vivia com as mangas arregaçadas que ela não se permitia usar.
Os anos passaram e as dores cresciam, pois crescia o ressentimento. Kim não tinha esperança em sua vida, não achava que podia um dia namorar, se tornou um ícone de tristeza na história que todos conheciam, mas ela percebeu que não, pois a única pessoa que podia dizer quem ela era, era ela mesma. Passou a não querer ser apenas a menina assustada de suas lembranças. Encontrou numa outra história de sofrimento e humilhação, uma vítima que foi capaz de perdoar seus algozes, fazendo ainda mais ao entregar-se no lugar de cada um deles pelos seus crimes cometidos.
Passou a desejar o bem a quem lhe fez mal, encontrando nessa atitude tão controversa versos para sua liberdade, pôde enfim perdoar e arregaçar as mangas. Encontrou um namorado que dizia amá-la ainda mais por suas cicatrizes, casaram-se, filhos tiveram. Olhou mais uma vez para sua história de tristezas encontrando nela um sentido.
Hoje ela viaja pelo mundo contanto suas experiências e se sente feliz, não alimenta um descontentamento por mais de dez minutos, coisa que ela diz com satisfação.
Você já deve ter ouvido falar dessa menina de nome Kim Phúc, Vietnamita. Ela é essa menina correndo nua e chorando, fugindo de um bombardeio de napalm. Kim teve 55% de seu corpo queimado e se tornou mundialmente famosa por essa imagem. O fotógrafo foi Nick Ut, que venceu o Prêmio Pulitzer.


Há muitos outros detalhes sobre Kim, por isso convido a cada um que leu essa publicação a conhecer essa Vietnamita que encontrou em Cristo um exemplo para superar as próprias dores.
Minha reflexão final sobre Kim é que todos deveriam conhecer sua história. Ao menos em respeito a ela, que está gravada para sempre na memória da humanidade através desta imagem, nua e desesperada. Como se não tivesse nada além.

Deus é bom, paz sempre.

Este texto foi baseado no relato da própria Kim Phúc sobre o que lhe aconteceu, numa entrevista em 2012 no Diário Catarinense, na ocasião ela participaria do 8º Congresso Brasileiro de Queimaduras - 1º Simpósio Internacional Wound Care.