12 fevereiro 2015

Galeria - Esmurrando o vento



Por vezes vivemos esmurrando o vento
Nos sentindo tão pequenos
Sem motivos para sorrir
Esperando o dia em que seremos felizes
Ele nunca chegará
Busquemos neste dia um motivo
O sol que brilha iluminará

Companhia



Por algum tempo
Na sua forma mais básica
Preparou-se contra o vento
Como um louco incorrigível
Ensaiava tudo por dentro

Juntamente seu cão fiel
Com a face entre as patas
Dava-lhe a sensação de quietude
Tinha companhia
Ocupava-se nos afazeres

Enlouqueceu de verdade
Quando convencido do que não era
‘Deixe de e equilibrar ao vento’
Diziam os que só podiam narrar o que viam


Por algum tempo
Na sua forma mais trágica
Passou a não se reconhecer
Tinha ouvidos sensíveis demais
Cada apontamento fazia-o matar uma parte sua

Juntamente seu cão fiel
Com a face entre as frestas
Veio chamá-lo para ouvir o vento assoviar
Lembrou-se de si conduzido por seu cão
Tinha companhia

Tinha companhia
Ocupava-se nos afazeres
Tinha um tesouro raro
Um amigo que ecoava
Sua consciência

Tornou-se louco para outros
Enquanto são para si
Era rico ao encontrar
As verdades que cria

Na expressão facial do amigo
...
...




10 dezembro 2014

Heróis Comuns



Se encontraram em um cruzamento ao acaso, o único ponto da estrada que tinham em comum, cada um seguiria uma mão, caso se esbarrassem ou não, isso poderia continuar sendo apenas um acaso. Mas era um dia ímpar para dois, um par que se encontra ao acaso a todos os outros. Lembra-se daqueles sonhos bobos? Sim, onde uma palavra qualquer de repente ocasiona uma conversa reveladora de tom acolhedor... que dura...


Falavam sobre heróis comuns, que salvam do tédio pessoas comuns. Puderam salvar um ao outro então, tirando do comum o tipo de ação heroica que todos precisam. De repente não sentiam mais uma sensação que traziam a muito tempo, à sensação de gritar qualquer coisa de desespero ao mundo, pois perceberam que um sussurro ao ouvido certo acalma o desespero de um espírito jamais ouvido. Um sussurro tão vivo de expressão que dá corpo à ideias embaralhadas para que elas se sintam seguras de andar sozinhas.
Era estranho, pensavam: como ouvir uma música nova e reconhecer nela a si próprio como o autor, um improviso para uma dança com passos tão bem coreografados como nunca.
Traziam dúvidas que aguçam a mente, mas não àquelas que nos deixam desengonçados na avenida, o raro sabor de se sentir à vontade.
A essa altura já estavam em outra parte da cidade, dividindo o que nunca tiveram coragem: o mesmo prato, os sonhos mais pueris, um sede saciada tão raramente, a de se sentir à vontade como alguém quase estranho se não fosse tão familiar.
Não sei a essa altura o que cada um de vocês pensam sobre o tempo, mas para eles o tempo não corria mais, antes ele alcançava o ápice, como uma faca afiada para separar os que nunca se sentiram completos. Acho que todos nós podemos contar histórias sobre perdedores, todos nós podemos escrever historias sobre vencedores, eles puderam, e assim fazem os que se cruzam ‘ao acaso’.
Ela disse: é estranho como se sentir eterno, pessoas que sentem se eternos dentro de um único segundo. Ele disse: parece uma sensação como lançar charadas diante de uma circunstância fatal, brincar com uma agulha perto de um mero balão.

Pessoas comuns salvando pessoas do tédio. Divas diante da miséria humana, reconhecendo que devem olhar para algo além delas mesmas. Como se tudo que nunca fez sentido, convergissem mansamente para um único ponto.





12 novembro 2014

Galeria - Transitórios neste mundo




"Não podemos esquecer que como seres humanos somos apenas transitórios neste mundo. Portanto devemos considerar que em breve não ocuparemos o lugar que estamos hoje, sendo assim precisamos ter em mente que é preciso deixar este lugar melhor do que o recebemos, pensando na próxima pessoa que o ocupará.
Isto, entre outras coisas, inclui: o seu lugar no ônibus, o seu lugar na faculdade, o seu lugar na vida, o seu lugar no coração das pessoas." 

10 novembro 2014

Na esperança de ser amável


Respostas meu amor
Eu peço por favor
Na esperança de ser amável
Buscando o inexplicável

Eu só quero ser melhor
Te falando palavras doces
Me saciando do que você trouxe
Querendo compartilhar cada vez mais

Por vezes vivemos esmurrando o vento
Nos sentindo tão pequenos
Sem motivos para sorrir
Esperando o dia em que seremos felizes
Ele nunca chegará
Busquemos neste dia um motivo
O sol que brilha iluminará

A chuva que cai trará canção





30 outubro 2014

Galeria - O anonimato dos que continuam



Você poderá encontrar esse pensamento no seguinte texto O anonimato dos que continuam





14 outubro 2014

O compromisso das rosas



Teriam as rosas qualquer compromisso conosco?
Brotariam elas para fazer brindar o nosso dia?
Não somos nós que as arrancamos?
Brilha o sol em suas pétalas como testemunha

Perdeu-se o brilho do reflexo
Quando seu talo sem raiz é tomado por uma mão
Há um jardim agora estéril
Para povoar de rosas o corredor do salão

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(clique aqui)




09 outubro 2014

Reino de Espelhos



Senhores, este reino cujo fruto deliciam, já existia antes de chegarem, como numa semente jamais regada por qualquer um dos seus. Este reino tem uma história que merece ser contada e com toda certeza ampliada. Mas é uma história que tem sido ignorada, o que não surpreende alguns de nós, quando com olhos mais atentos vemos seus esforços para encobri-la.
Antes de mais nada, lembrem-se dos que já estiveram aqui: os fundadores do reino. Estes tem recebido o mesmo tratamento por parte dos senhores. Podem continuar neste exercício de memória? Nós os ajudaremos: existiam fotos de todos os pioneiros. Incrível, pois, elas tão bem ilustravam a história. Uma surpresa a menos, pois foram retiradas das paredes. Perdeu-se qualquer ligação entre a pedra fundamental e o chão de granito que os senhores pisam.


Os anos significativos chegam, os chamados jubileus. Os senhores resolveram comemorá-lo. Não tiveram escrúpulos ao promover suas imagens cheias de empáfia, bem como daqueles que os levaram a reinar, mencionando os pioneiros de maneira tímida como meros participantes casuais. Tudo parte de um plano para convencer a todos de um faccioso marco zero, porém fica sempre uma questão: seu luxo e sua riqueza flutuam, ou o reino está alicerçado numa base ignorada, para que os senhores não dividam a honra? Os senhores enterram a história, numa grande ironia pontuada por sorrisos forçados, pois ao invés de luto, fazem festas.
Sabemos bem que a historia raramente tem um ponto final. De alguma forma ela desbrava a vontade humana e continua. Os senhores estavam bem atentos a isto. Começou ai uma maneira de dividir aqueles que sabiam a verdade sobre o marco zero em pelo menos dois grupos: aliados e inimigos.
Os aliados são aqueles que embora soubessem a verdade, não tem maior apreço por ela, caso alguma vantagem possam adquirir do reino presente. Venderam a alma, o que para tais é foi preço barato.
Já os inimigos, alguns deles aliados por um tempo, descordaram de suas práticas, foram enviados de um lado para o outro do reino, perderam toda referência que tinham, se enfraqueceram, sendo assim fácil eliminá-los. Em meio a isso ficou notável a estratégia dos senhores em recolher informações sobres aliados e inimigos, para serem usados contra eles, num momento cuidadosamente escolhido para os interesses do ‘reino’.
Foi assim que os senhores estenderam o comprimento de seus braços, alcançando um reino ainda maior. Colonizaram todo aquele lugar à sua maneira. Convenciam a todos que podiam, que os senhores são escolhidos e santos, por seu pragmatismo. Com tanto riqueza acumulada puderam amenizar o calor, tornar os bancos da plateia mais confortáveis. Manipulavam com tanta maestria que fizeram quase todos acreditarem que seus palácios malditos eram banhados do ouro que lhes era devido, e não da soma de seus parcos centavos recolhidos. Alcançaram admiração à custa da ignorância.
O tempo passava, e ninguém mais ousava falar sobre a história. O que é estranho, pois o seu reino se assemelhava a um túmulo, com seu monumento erguido que antagoniza o que há em baixo. A identidade que os senhores quiseram para o reino, essa os senhores conseguiram, ou seja, nenhuma. Não existiam pedras lavradas, fotos amareladas, os herdeiros dos pioneiros não tinham lugar em vossas mesas. Outra surpresa a menos ao vê-los ignorando os talentosos, visionários, fraternos, de boa intenção e criativos; para simplesmente posicionar no reino pessoas de confiança.
Quando os senhores consideraram preciosas demais sua própria criação, foram rápidos em colocar bigodes postiços em seus filhos, para tentar dar-lhes uma autoridade artificial. Fizeram deles também senhores, com discursos inflamados sobre o solo que eles jamais haviam posto os pés. Os senhores conseguiram, foram muito bem sucedidos em espalhar espelhos pelo reino, cujo reflexo torna tão nítido o que os senhores são.

Muitos se deram conta da obra vergonhosa deste reino e se foram. Porém como reino não o consideram mais, antes sim, como uma prisão da qual hoje se sentem livres. E estão livres para viver para um Rei honroso, digno do reino que os senhores jamais conheceram.




03 outubro 2014

Galeria - Beleza que te esnoba



"A beleza que te esnoba, tem a futilidade que te repele." Leonard N. Oliveira





16 setembro 2014

Andrômeda


O reino da Etiópia tinha o Rei Cefeu e a Rainha Cassiopeia como soberanos. A filha deles Andrômeda transbordava de orgulho sua vaidosa mãe, Cassiopeia gabava-se aos quatro ventos o encanto dos traços de Andrômeda, orgulhava-se ao afirmar que a filha era a mais bela, inclusive com uma beleza maior do que as Nereidas. As Nereidas ninfas admiradas pela grande beleza também tinham um orgulho inflamado e foram se queixar a seu pai Nereu, este por sua vez era grande amigo de Poisedon, deus dos Mares.
Foi assim que o orgulho de Cassiopéia chegou a ouvidos poderosos. A amizade que ligava Nereu a Poisedon não permitiu que o deus agisse apenas como um companheiro que escuta uma queixa e consola quem lamenta.
Poseidon foi ao encontro de Cefeu e Cassiopeia. Não existiam mais desculpas, não havia como esconder o que foi dito, egos inflados aparecem ao longe. Poseidon foi direto e sentencioso, como qualquer um que tem grande poder: queria a vida de Andrômeda, ou toda Etiópia sofreria às custas da ousadia de Cassiopeia. O aviso tinha sido dado. O pavor seria a companhia de Cefeu e Cassiopeia nessa difícil decisão, escolher a filha ou todo o povo.


Foi impressionante, contudo a resolução dos pais de Andrômeda, não buscaram conciliação, não buscaram abrir mão do orgulho. Entregaram Andrômeda para o sacrifício. Ela foi acorrentada a um rochedo, esperando o monstro marinho enviado por Poisedon, mas Perseu derrotou o terrível monstro e resgatou a jovem princesa, levando-a consigo.
Muitas pessoas são como Cassiopeia, orgulhosas da atenção, elogios e status que os belos e valorosos podem lhe render. Tudo está bem até que o motivo do seu orgulho provoca inveja de poderosos. Porém quando sua posição é ameaçada, eles não sacrificam a si mesmo, não abrem mão de seu orgulho, antes infelizmente permitem que aqueles que tanto lhe deram alegrias sofram. Sacrificam a Andrômeda que se orgulhavam, mas nunca o ego inflamado.
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24 julho 2014

Linha do tempo



Era um daqueles dias de chuva, uma folga que caiu bem quando todos estão a trabalhar. Não haviam planos ou roteiros interessantes. Dan desceu até à garagem para pegar ou guardar qualquer coisa, lá havia um quadro branco, para se distrair começou a rabiscá-lo. Desenhava e apagava sem muito interesse, até que uma linha horizontal traçou, chamando-a de Linha do Tempo.
Tentou se encontrar nesta linha, estava no ano de 2006. Tinha se mudado a poucos meses para a nova casa. – hey espere – pensou. – fora em 2004 que tinha planejado se mudar. Sentiu-se bem, dois anos de economia que valeram a pena. Relembrou tantas coisas destes dois anos, o ‘jogo’ Linha do Tempo passou a ficar interessante, dizia a si mesmo.  Em 1996, seu pai o aconselhava buscar independência. – Filho, você precisa encontrar uma coisa que vá fazer a vida toda, se sustentar com isso, realizar seus projetos. Depois de resolver o que fazer, compre uma casa, algumas coisas irão se complicar com a idade, mas um lar simplifica muitas outras.



Um pulo de sete anos na frente. – Uau. Em 2003 seu pai faleceu. – Ele não pisou nesta casa, mas tenho certeza que confiava em mim. Parecia que a Linha do Tempo era rica em emoções também, olhos úmidos, quem diria, numa simples brincadeira. – Preciso sair de 2003, vou pensar em um número... 4... 1994. Alegria nas ruas, que felicidade, o Brasil tetra-campeão de futebol. Dan se lembrou de seu avô, havia uma espécie de promoção na época, juntava-se uma quantidade de embalagens de um produto que ele não lembrava, acrescentava-se a eles algum dinheiro e em troca você levava uma camisa verde e amarela. – Meu avô fez isso com tanto gosto, especialmente para mim.
Dan estava de volta a 2006, pensava em si mesmo como um céu estrelado. – Você olha para cima e fica perplexo com a quantidade de pontos luminosos, quanto mais olha, mais cada ponto ganha sentido, o céu quase por inteiro ganha sentido.
Era mais fácil se entender agora, valorizando alguns pontos de sua linha do tempo. – 1994, 1996, 2003, 2004... Cada um destes pontos iluminam tanto o meu 2006, quem sou hoje, o que valorizo!

Era realmente uma brincadeira fascinante a ‘Linha do Tempo’. Capaz de transportar alguém no tempo, fazer ligações entre lembranças perdidas. Alguns conhecimentos sobre nós estão no oceano como ilhas, mas pequenas faixas de areia ainda nos liga a elas, fazendo-as ainda parte do continente chamado ‘EU’. Dan viajou em sua linha do tempo, convidamos também você, caro leitor, a fazer o mesmo. Se as coisas ficarem muito tediosas, ou muito difíceis, pensem em um número.