31 outubro 2013

Novo tempo


Vejo maravilhas do ‘futuro’
Botões que controlam a vida
Na palma de minha mão
Mas eu tenho medo
Eu tenho medo
Que isso nos afaste

Ouço bramidos
Deste novo tempo
Conheci um homem
Que não saiu de casa
Só para mandar mensagens de abraços

A solidão se espalha
E mesmo com esse frio
Insistimos em abrir as janelas

Ele dizia que assim a encontrou
Assim coragem encontrou
Para dizer o que sente


Fazendo ligações
Menos palpáveis que o vento
Espalhando setas e sítios pró-intento

Cada vez mais frio
Cada vez mais frio
Cada vez mais frio
(...)





30 outubro 2013

La temporalidad del libro impreso

Este é o segundo texto de 'Un lugar para quedarse'. Logo após a versão em português.

“De los diversos instrumentos inventados por el hombre, el más asombroso es el libro; todos los demás son extensiones de su cuerpo… Sólo el libro es una extensión de la imaginación y la memoria”. Jorge Luis Borges.

Con el avanzo de la tecnologia es indispensable la discución acerca de lo que es antiguo, como el disco compacto y los objetos que sufrieran y sufren cambios, como el ordenador, los aparatos móbiles, la televisión y otros más.
Con todo, la duda es: ¿Los libros impresos se tronarán objetos antiguos o sufreran cambio?
Para mí, los libros impresos siempre tubieran un alto costo para los que son de clase baja y ahora con los libros digitales, que tienen bajo costo o incluso son gratis, la busqueda por libros se tornó más grande.
Según el profesor da la Universidad de Milan, Mario Pireddu, los libros digitales son más interactivos, con costos más accesíbeles que los impresos y la digitalización del libro hace con que sea más facil la produción y modificación el conteúdo. Para él, los libros impresos en el futuro sean algo raro y precioso.
En cambio, el Profesor Doctor de la Universidad de Passo Fundo, Adriano Canabarro, cree que el libro en papel no acabará, pero hay que sufrir cambios en el contenidos y espacios de interacción. Como ejemplo, él dije que se tengan más sítios en la internet con más contenidos acerca del libro y el lector pueda tener contacto con otros lectores.
Por tanto, se el libro impreso se va a cambiar con la tecnologia o será algo puesto en la memoria, no sé, creo que lo que es importante es leer. Seguro que el lector se adaptará a los cambios, desde que se pueda leer.


Em português:

A Temporalidade do livro impresso

Com o avanço da tecnologia é indispensável a discussão sobre o que é antigo, como o disco de vinil ou até mesmo sobre objetos que mudaram, como celulares, computadores, televisões, etc.
Contudo, a questão é: Os livros impressos se tornarão objetos antigos ou sofrerão mudanças?
Para mim, os livros impressos sempre tiveram um alto custo para as pessoas de classe baixa e agora com os livros digitais, que tem um baixo custo ou até mesmo são grátis, a busca por livros aumentou.
Segundo o professor da Universidade de Milão, Mario Pireddu, os livros digitais são mais interativos, com preços mais acessíveis que os impressos e a digitalização faz com que seja mais fácil a produção e modificação de conteúdos. Para ele, os livros impressos no futuro serão algo raro e precioso.
Por outro lado, o Professor Doutor da Universidade de Passo Fundo, Adriano Canabarro, acredita que o livro de papel não acabará, mas deverá sofrer mudanças de conteúdos e espaços de interação. Como exemplo, ele disse que deve ter mais sites com conteúdos sobre o livro e que os leitores possam se interagir.
Por tanto, se o livro impresso vai mudar com a tecnologia ou será posto na memória, não sei, creio que o mais importante é ler. Afirmo que o leitor saberá lidar com as mudanças, desde que ele possa ler.



Referência: http://www.upf.br/nexjor/?p=20502

25 outubro 2013

Faixa 22


Era uma daquelas aulas entediantes, principalmente para quem estava num curso apenas para não desagradar ao pai.
Dener não conseguia se fixar na fala do professor, em sua mente buscava distrações secretas, tentando fazê-las imperceptíveis a todos naquela sala. Pensou em músicas para sua banda pop imaginária, já fazia o roteiro para um clipe, cuja banda animava um lugar também sem muitos atrativos.
Submergiu dos devaneios e olhou para janela no outro canto da sala, se via perdido. O sol nascerá para lhe brindar o dia, mas Dener se fechou primeiro em uma sala e depois em seus próprios ensaios.
Mergulhou mais uma vez, não de propósito. Quando percebeu já estava em transe novamente. Encontrava-se com pessoas que ali não estavam, tinha falas heroicas e um silêncio acolhedor.
O colega de trás lhe tocou o ombro para lhe passar a lista de presença, mas que presença? Dener não estava em seus sonhos, mas também não estava naquele lugar. Onde estaria então? Se perguntou, com ‘água’ quase no pescoço... Sonhando a vida, ou vivendo o sonho de outros?
Estava perdido uma vez mais, dizia para si, mas agora não sabia se deveria emergir ou buscar terra firme. Olhou de novo para todos na sala, do professor ao aluno mais dedicado, embora não compreendesse nada daquela aula aborrecida, sabia que seu tédio era culpa de sua escolha e não daqueles ali. Entusiasmou-se quando um comentário surgiu sobre a aula, viu alunos e professor falando animadamente sobre o que ele pouco entendia ou se importava, os invejou.
Ao término da aula, tinha finalmente sede de saber algo daquele professor, conversaram por quase duas horas sobre a escolha que este tinha feito para sua carreira e vida. Dener via olhos brilhando e repetidas nos lábios daquele professor as falas heroicas de sua imaginação. Pensou no que aquilo significava. Não teria também aquele homem pressa de ir embora? Não estava cansado? Ele via alguém falando da felicidade nas próprias escolhas, pôde enfim se identificar com ele e o apreciar. Despediram-se, Dener respondia pouco a pouco, graças àquele dia primeiramente tedioso, as dúvidas que o mesmo lhe trouxera, tudo que em sintonia tornara este dia pulsante.
Na rua enquanto saia do curso tudo lhe parecia mais concretos quando completava o que antes era sem sentido ou entediante com as melhores partes de sua imaginação. Dener notou que havia construído uma ponte entre sonho e realidade. Sentia-se inspirado, mais do que isso, se sentia impelido a alguma coisa maior que ele mesmo. Parecia um daqueles dias em que o espírito humano seria capaz de fazer uma curva em todo vento contrário. Dener estava ainda no mar de seus sonhos, mas cada vez mais à beira mar, cada vez mais trazendo algo do fundo.
Viu que precisava viver os próprios sonhos, mesmo que esses continuassem a soar como devaneios aos outros. Conhecia-se o suficiente para saber que não poderia lutar contra o mar de seus ensaios. Tinha vinte e dois anos e por um segundo pensou que já não era nenhum adolescente. Foi quando mais do que nunca acreditou em seu jeito excêntrico e fechou a única janela que lhe incomodava, a do pessimismo, pois decidiu fazer daquela onda pretensamente negativa em seu mar, numa marca para suas convicções. Viveria a partir daquele momento a Faixa vinte e dois. Imaginou uma faixa amarela com o numero vinte e dois em vermelho, isto lhe era emblemático, um símbolo de uma grande novidade.


A Faixa vinte e dois como símbolo reuniu uma perfeita metáfora para Dener, uma passagem, lembraria-se dela pela vida, seria a personificação da mudança necessária que, porém jamais muda o suficiente para negar a essência.
Aquele dia chato e antes inominável se tornou um emblema com cores nome e número. Dener reuniu cada tópico de seus sonhos, definiu prioridades, reforçou a autoestima e enfrentou a falta de crédito alheia com a construção de suas convicções. Sim, fez de seus ensaios a força motriz de seus passos concretos. Tornou seu principal ponto num ponto positivo. Tinha enfim um grande projeto e uma inabalável vontade de estar atento aos sonhos, desta vez sem segredos. Aprendeu a viver assim e a isto deu o nome de Faixa vinte e dois.


22 outubro 2013

Galeria I - Recomeçar




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17 outubro 2013

O homem e Deus




Uma visão crítica de como algumas pessoas descrevem à Deus.


Quem é o homem que pensa reconhecer Deus naquilo que lhe agrada, por suas paixões e sentimentos, enquanto Cristo foi incompreendido em cada ato e palavra, pois os homens de seu tempo pensavam saber identificar o Rei.
Eles davam glórias à vaidade do próprio entendimento. Beleza era o que fazia brilhar seus olhos e não o que preenchia de sentido seus corações. Talvez seja hora de reconhecer a Deus quando vemos confrontada qualquer ideia que alimentamos há tempos.
Não esperar sentir alegria desmedida em Sua presença enquanto nossos irmãos choram por nossa ausência (ausência de nossas mãos, de pão e de compaixão). Antes que sua presença nos constranja a levar a outros a verdade que dizemos ser nossa libertação, o sacrifício que nos trouxe salvação.


O ser humano e sua busca pelo que é esteticamente agradável ou que cause grande impacto. Por vezes se refere a Jesus como um majestoso Leão que peleja batalhas contra tudo que lhe pareça contrário, sem perceber que o próprio Cristo não acalentou a aparência, mas comparou a si mesmo com uma galinha, uma que protege seus pintinhos sob suas asas, creio que é por isso que há tantos decepcionados, esperando por algo aparentemente grande como na época de Cristo, quando apareceu o filho do carpinteiro não foram capazes de crer.







15 outubro 2013

Homenagem aos Professores

O Grande dia

Primeiro dia de aula de um professor que acabou de se formar. É desesperador. O que vou falar? Será que eles vão me entender? Será que vou conseguir dar toda matéria em 1h e 40min? Como resolver esses questionamentos?
O primeiro dia é um frio na barriga, pois a maior intenção é dar o melhor de tudo que aprendeu nos oitos períodos que passou na faculdade. Valeu a pena? E se eles não gostarem de mim e da minha aula? Vão infernizar a minha vida, eu já fui aluno e sei bem disto. Vale a pena?
Chega a tão esperada hora e o professor entra em sala e com um sorriso diz: “Olá alunos, sou o professor de vocês!” Ao olhar aqueles olhos, olhando atenciosamente para ele, viu que estão tão esperançosos em aprender quanto a ele em ensinar. Por fim disse: Valeu a pena!

Relato de uma professora.
Aos mestres

A arte do ensino é acompanhada de paciência, amor, dedicação, atenção, empatia, conteúdo e uma fé inabalável na capacidade de cada aluno. E este artista chamado Professor se dedica de tal forma a ponto de superar péssimas condições de trabalho, alunos desinteressados e a falta de valor de um País ingrato como o nosso que a eles deve tudo.
                Um dos quesitos listados por Bertrand Brecht no poema Prazeres foi o de ‘compreender’ e esta é uma satisfação que cada mestre tem quando ensina, se doando em palavras, métodos e tempo. A compreensão. Não apenas quando o aluno responde corretamente, porém ainda quando amplia sua resposta para além de compêndios, formando assim algo novo, deduzindo novos passos e criando conhecimento. Fazendo o maior elo entre mestre e discípulo.
Aos mestres que entendem a si mesmos como um canal de conhecimento, vendo em seus alunos o mesmo, conduzindo a sabedoria para fora da sala de aula, para toda a sociedade.
Um brinde aos mestres, aqueles que têm noção ou não do alcance de seu ofício. Como certa vez quando uma menina identificou no mar o surgimento de um Tsunami, e avisando aos seus pais foi capaz de salvar dezenas de vidas que se encontravam ali e ao ser questionada como sabia sobre este fenômeno respondeu:
- Aprendi na escola a prevê-lo, com meu professor de geografia.

Relato de um aluno.



Nossa homenagem a todos os Professores neste 15 de outubro. Obrigado por todos os cidadãos que vocês ajudam a formar todos os anos…

Escrito por: aluna e Professora Ediza e aluno e Psicólogo Leo.







08 outubro 2013

Está consumado



O Jovem Davi tomava conta das ovelhas de seu pai, diziam que ele protegia o rebanho com a vida. Certa vez de um urso ele as livrou, outra vez de um leão. Davi não tinha a intenção de se promover baseado nestes fatos, não se apresentava com frases do tipo: muito prazer, sou Davi matador de ursos e leões. Era notável sua discrição.
                A vida seguiu e numa determinada situação cuja guerra assolava seu povo, Davi foi até ao campo de batalha por ordem de seu pai a fim de levar comida aos seus irmãos mais velhos. Lá chegando ouviu um guerreiro inimigo desafiando o Deus de seu povo, o que lhe revoltou. Imediatamente se apresentou ao rei, que também se encontrava ali, dizendo que desejava em nome de seu povo e seu Deus lutar contra o tal guerreiro. O rei olhou para Davi e não pôde levar a serio sua iniciativa, pela compleição franzina do jovem, neste momento Davi finalmente falou de suas ‘credenciais’, contou ao rei suas experiências ao cuidar de simples ovelhas, usando para isso tamanho zelo que fora capaz de derrotar um urso e um leão. Por fim o rei confiou a Davi está missão, que com igual zelo o rapaz se dedicou, sagrando-se vencedor.


A partir daí todos passaram a conhecer o menino aparentemente fraco que foi capaz de derrotar um guerreiro falastrão, um urso e um leão. Muitas outras histórias de feitos assombrosos continuaram a serem escritas por Davi, ao ponto dele se tornar rei no lugar daquele que conhecemos aqui, entretanto Estava Consumado o Davi guerreiro, não porque ele se gabava por ai, mas porque no momento certo soube contar suas experiências para que as credenciassem a mais do que um mero cuidador de ovelhas, mas um guerreiro que defende a fé de todo um povo. Esta história sobre Davi pode ser lida na integra no livro de Primeira Samuel capítulo 17.
Na nação de Davi era muito importante a linhagem, como dissemos Davi se tornou rei e de sua linhagem foi profetizado que nasceria ‘o ungido’, aquele que seria responsável pelo maior feito de todos, pagar pelos erros de cada ser humano e religar o homem a Deus. O que de fato aconteceu muitos anos depois, seu nome é Jesus. É claro que os evangelhos já contam bem a vida e obra de Jesus Cristo. Mas alguns fatos o ligam ao objetivo da primeira história relatada.
‘O ungido’, tradução do grego Cristo, porém originado do hebraico Messias, como todos sabem foi realizador de proezas, multiplicando pães e peixes, restituindo a visão e a saúde de muitos, tratando as vítimas de preconceito e marginalizados pela sociedade, como seres únicos e de valor. Não raro Jesus pedia às pessoas que eram alcançadas por seus gestos que não contassem a ninguém o que Ele lhes tinha feito.
Um último exemplo que ilustra bem isto se deu quando Jesus subiu juntamente com seus discípulos mais chegados Pedro, Tiago e João, ao monte e lá aconteceu a famosa passagem da transfiguração, a face de Jesus brilhou como o sol e suas vestes se tornaram alvas como a neve, aparecendo-lhes Moisés e Elias, personagens do antigo testamento, por fim “uma nuvem resplandecente os envolveu, e dela saiu uma voz, que dizia: ‘Este é o meu Filho amado de quem me agrado. Ouçam-no!’”. Após está experiência marcante que pode ser lida na integra em Mateus capitulo 17, Jesus disse aos discípulos enquanto desciam do monte: ‘Não contem a ninguém o que vocês viram, até que o Filho do homem tenha sido ressuscitado dos mortos’.


Aparentemente Jesus não tinha interesse em ser conhecido por milagres ou por qualquer outra coisa que aos olhos imaturos dos homens soasse prodigioso ou espantoso. Antes Ele tinha uma cede por completar sua obra, pois sabia que no fim faria aquilo que ninguém mais poderia fazer e que esse seria seu grande favor pela humanidade; não pão, não saúde corporal que definha e dá lugar à morte, não face brilhante como o sol cuja lembrança não impediu Pedro de negar a Cristo por três vezes. Ele consumou algo na cruz, algo maior do que toda fama que milagres lhe trouxeram, mesmo porque tais feitos miraculosos Jesus afirmou que cada um de nós seria capaz de fazer ou ainda maiores do que Ele fez, se abstendo uma vez por todas da vaidade humana, não queria ser conhecido por isto.
 No fim de seu sofrimento na cruz, após ele tirar a culpa da humanidade, desculpando-nos ao dizer: Pai perdoa-os pois eles não sabem o que fazem. Ele suspira e diz: Está Consumado. Entrega seu espírito a Deus. Sua obra estava completa. Ficaria conhecido não como mais um milagreiro, dos quais há muitos por ai até os dias atuais, antes seria conhecido como aquele que dividiu a história e nos reconciliou com Deus e a plena eternidade.
 Desde então sua história é contada, seu valor inestimável se deu pela consumação de sua obra. Não quis louros terrenos e passageiros, tudo que fez, fez de bom grado, por seu amor e misericórdia, não almejava recompensa, tinha mais a oferecer e o fez, sua vida entregou em nosso lugar.

Davi e Jesus, tinham feitos maravilhosos antes de consumarem suas obras, mas só os revelaram  para um bem ainda maior, que não beneficiaria a cada um particularmente mas a muitos outros. Fizeram, não por vaidade, não por si mesmos, mas por algo infinitamente maior.







04 outubro 2013

Kim - Além da imagem


Kim era uma menina simples de um vilarejo igualmente simples de seu país. A guerra havia começado antes mesmo dela nascer e ainda era uma realidade sangrenta que cada vez mais avermelhava os campos que ela conhecera verde.


Quando o combate estava para se aproximar, as pessoas do vilarejo decidiram se esconder num Templo local, na esperança que aquilo que eles consideravam sagrado permanecesse imaculado pelos portadores de más notícias ao som de estopins. Não foi assim, as bombas começaram a explodir, apenas diziam: corram, corram, as crianças na frente, os adultos atrás com os bebês. Era tarde de mais para Kim, ela foi atingida, seu braço queimava, o outro ao tentar apagá-lo também. Ela pensava no quanto ‘anormal’ ficaria, em como as pessoas passariam a lhe olhar, mas esses pensamentos se tornaram pequenos raios entre os clarões, não havia tempo para eles, suas roupas haviam se queimado, ela estava nua, correndo, chorando, amedrontada, ao seu redor seus irmãos e primos, cada um lutando por sua vida.
Felizmente Kim sobreviveu, embora ela não considerasse assim, preferia ter morrido, as dores eram profundas em seu corpo e sua alma, se seguiram meses de tratamento, enxertos em sua pele apenas reflexos das feridas em suas lembranças. Mandaram-na de volta para casa, tinham feito o melhor para época, mas em casa a menina não chegou inteira, tinha pedaços partidos de sonhos, uma criança obrigada a crescer escondendo cicatrizes e lágrimas, odiando os que lhe fizeram mal, desejando mal a quem vivia com as mangas arregaçadas que ela não se permitia usar.
Os anos passaram e as dores cresciam, pois crescia o ressentimento. Kim não tinha esperança em sua vida, não achava que podia um dia namorar, se tornou um ícone de tristeza na história que todos conheciam, mas ela percebeu que não, pois a única pessoa que podia dizer quem ela era, era ela mesma. Passou a não querer ser apenas a menina assustada de suas lembranças. Encontrou numa outra história de sofrimento e humilhação, uma vítima que foi capaz de perdoar seus algozes, fazendo ainda mais ao entregar-se no lugar de cada um deles pelos seus crimes cometidos.
Passou a desejar o bem a quem lhe fez mal, encontrando nessa atitude tão controversa versos para sua liberdade, pôde enfim perdoar e arregaçar as mangas. Encontrou um namorado que dizia amá-la ainda mais por suas cicatrizes, casaram-se, filhos tiveram. Olhou mais uma vez para sua história de tristezas encontrando nela um sentido.
Hoje ela viaja pelo mundo contanto suas experiências e se sente feliz, não alimenta um descontentamento por mais de dez minutos, coisa que ela diz com satisfação.
Você já deve ter ouvido falar dessa menina de nome Kim Phúc, Vietnamita. Ela é essa menina correndo nua e chorando, fugindo de um bombardeio de napalm. Kim teve 55% de seu corpo queimado e se tornou mundialmente famosa por essa imagem. O fotógrafo foi Nick Ut, que venceu o Prêmio Pulitzer.


Há muitos outros detalhes sobre Kim, por isso convido a cada um que leu essa publicação a conhecer essa Vietnamita que encontrou em Cristo um exemplo para superar as próprias dores.
Minha reflexão final sobre Kim é que todos deveriam conhecer sua história. Ao menos em respeito a ela, que está gravada para sempre na memória da humanidade através desta imagem, nua e desesperada. Como se não tivesse nada além.

Deus é bom, paz sempre.

Este texto foi baseado no relato da própria Kim Phúc sobre o que lhe aconteceu, numa entrevista em 2012 no Diário Catarinense, na ocasião ela participaria do 8º Congresso Brasileiro de Queimaduras - 1º Simpósio Internacional Wound Care.