24 agosto 2013

Um conto sobre Olhos


Certo dia, em uma manhã quando eu caminhava em uma calçada de uma rua encontrei um par de olhos no chão. Parei, fiquei estatelada ao encontrar um par de olhos no chão de uma calçada, olhei fixamente para eles e naquele mesmo instante me apaixonei, peguei-os em minhas mãos e os levei para minha casa, no caminho quase sempre tropeçava, não conseguia deixar de olhar aquele par de olhos.

Quando cheguei a casa fui logo para o quarto e com todo o cuidado os coloquei na cabeceira da minha cama, fiquei ali a tarde toda olhando aquele par de olhos, até que peguei no sono. No instante em que acordei não fiz outra coisa a não ser olhar-los. Todos os dias eu chegava atrasada no trabalho, porque perdia a hora parada olhando o par de olhos. Voltava do trabalho não falava com ninguém em casa, já ia para o quarto me encontrar com ele e ali eu ficava os olhando, quase nem piscava, não queria perder um segundo sem olhar para ele e quando estava longe só pensava nele.

Até que um dia quando cheguei a casa, os olhei e vi que estavam tristes, fiquei intrigada com aquilo então fiquei os olhando e eles me olhavam tristes até que peguei no sono. Tive um sonho e neste sonho o par de olhos encontrava o seu dono, despertei num susto, daí logo comecei a agir para encontrar o seu dono. Coloquei anúncios em jornais, site de relacionamentos, na TV, onde pudesse.

Numa manhã minha campainha tocou e quando fui atender vi que era L, que logo me perguntou: “Você está com eles?”. Quando eu o olhei vi que estava sem seus olhos e lembrei que quando eu o conheci naquele mesmo dia que encontrei o par de olhos na calçada, vi nele os olhos mais lindos de toda a minha vida. Fui ao quarto buscar seus olhos, os coloquei em seu rosto. Não consegui parar de olhar o seu rosto, até que ele me chamou a atenção dizendo que queria me agradecer por eu ter encontrado e cuidado de seus olhos e eu disse: “Não foi por nada!”, ele virou as costas e se foi.


No momento em que chegou ao portão virou novamente em minha direção, veio caminhando na minha direção, isso mesmo, na minha direção, parou em minha frente tirou os seus olhos, pegou a minha mão os pôs nela e me disse: “Eles sempre foram seus.” e se foi. Corri até o portão com os olhos nas mãos, gritei: “Volte aqui, volte!”.  Ele parou fui até ele e disse: “Os olhos são o espelho da alma.”. Coloquei seus olhos de volta em seu lindo rosto e ali fiquei olhando até o momento em que ele me interrompeu e me disse: “Como será daqui por diante se os meus olhos são seus, eles não sabem viver sem te olhar?” e no mesmo instante respondi: “Fique.”.

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