Era
uma daquelas aulas entediantes, principalmente para quem estava num curso apenas
para não desagradar ao pai.
Dener
não conseguia se fixar na fala do professor, em sua mente buscava distrações
secretas, tentando fazê-las imperceptíveis a todos naquela sala. Pensou em
músicas para sua banda pop imaginária, já fazia o roteiro para um clipe, cuja
banda animava um lugar também sem muitos atrativos.
Submergiu
dos devaneios e olhou para janela no outro canto da sala, se via perdido. O sol
nascerá para lhe brindar o dia, mas Dener se fechou primeiro em uma sala e
depois em seus próprios ensaios.
Mergulhou
mais uma vez, não de propósito. Quando percebeu já estava em transe novamente. Encontrava-se
com pessoas que ali não estavam, tinha falas heroicas e um silêncio acolhedor.
O colega
de trás lhe tocou o ombro para lhe passar a lista de presença, mas que presença?
Dener não estava em seus sonhos, mas também não estava naquele lugar. Onde
estaria então? Se perguntou, com ‘água’ quase no pescoço... Sonhando a vida, ou
vivendo o sonho de outros?
Estava
perdido uma vez mais, dizia para si, mas agora não sabia se deveria emergir ou
buscar terra firme. Olhou de novo para todos na sala, do professor ao aluno
mais dedicado, embora não compreendesse nada daquela aula aborrecida, sabia que
seu tédio era culpa de sua escolha e não daqueles ali. Entusiasmou-se quando um
comentário surgiu sobre a aula, viu alunos e professor falando animadamente
sobre o que ele pouco entendia ou se importava, os invejou.
Ao
término da aula, tinha finalmente sede de saber algo daquele professor,
conversaram por quase duas horas sobre a escolha que este tinha feito para sua
carreira e vida. Dener via olhos brilhando e repetidas nos lábios daquele
professor as falas heroicas de sua imaginação. Pensou no que aquilo
significava. Não teria também aquele homem pressa de ir embora? Não estava
cansado? Ele via alguém falando da felicidade nas próprias escolhas, pôde enfim
se identificar com ele e o apreciar. Despediram-se, Dener respondia pouco a
pouco, graças àquele dia primeiramente tedioso, as dúvidas que o mesmo lhe
trouxera, tudo que em sintonia tornara este dia pulsante.
Na rua
enquanto saia do curso tudo lhe parecia mais concretos quando completava o que
antes era sem sentido ou entediante com as melhores partes de sua imaginação. Dener
notou que havia construído uma ponte entre sonho e realidade. Sentia-se
inspirado, mais do que isso, se sentia impelido a alguma coisa maior que ele
mesmo. Parecia um daqueles dias em que o espírito humano seria capaz de fazer
uma curva em todo vento contrário. Dener estava ainda no mar de seus sonhos,
mas cada vez mais à beira mar, cada vez mais trazendo algo do fundo.
Viu
que precisava viver os próprios sonhos, mesmo que esses continuassem a soar
como devaneios aos outros. Conhecia-se o suficiente para saber que não poderia
lutar contra o mar de seus ensaios. Tinha vinte e dois anos e por um segundo pensou
que já não era nenhum adolescente. Foi quando mais do que nunca acreditou em
seu jeito excêntrico e fechou a única janela que lhe incomodava, a do
pessimismo, pois decidiu fazer daquela onda pretensamente negativa em seu mar, numa
marca para suas convicções. Viveria a partir daquele momento a Faixa vinte e
dois. Imaginou uma faixa amarela com o numero vinte e dois em vermelho, isto
lhe era emblemático, um símbolo de uma grande novidade.
A Faixa vinte e dois como símbolo reuniu uma perfeita metáfora para Dener, uma passagem, lembraria-se dela pela vida, seria a personificação da mudança necessária que, porém jamais muda o suficiente para negar a essência.
Aquele
dia chato e antes inominável se tornou um emblema com cores nome e número. Dener
reuniu cada tópico de seus sonhos, definiu prioridades, reforçou a autoestima e
enfrentou a falta de crédito alheia com a construção de suas convicções. Sim,
fez de seus ensaios a força motriz de seus passos concretos. Tornou seu
principal ponto num ponto positivo. Tinha enfim um grande projeto e uma
inabalável vontade de estar atento aos sonhos, desta vez sem segredos. Aprendeu
a viver assim e a isto deu o nome de Faixa vinte e dois.
Ótimo texto Leo. Mas me tira só uma duvida, o personagem "Dener" é fictcio ?? rsrsrs Se for real, ele continua atento aos seus sonhos ?
ResponderExcluirGrande abraço,
Wiliam Pereira
Obrigado William. Fico sempre muito feliz de vê-lo por aqui. Bem respondendo sua pergunta, Dener é fictício sim, mas inspirado em várias pessoas que conseguiram se encontrar apostando em seus próprios sonhos e aptidões.
ExcluirAgora se ele continua atento aos sonhos deixo em aberto, gostaria de saber na verdade o que você acha, lendo o texto rsrsrs de acordo com suas impressões ele está atento ou não aos sonhos?
Um grande abraço me caro te espero muitas vezes por aqui!
Leo.
SUPER TEXTO MESMO A PERSONAGEM SENDO FICTÍCIO UM GRANDE INCENTIVO PRA REALIZAR SEUS SONHOS BASTA BUSCAR E REALIZAR.
ResponderExcluirObrigado pela visita e comentário Professora Maria Nery. É verdade ler a história do Dener é muito inspiradora, eu mesmo reli e me senti motivado rsrs. Tudo de bom, grande abraço!
Excluir